FIFA pede que clubes e jogadores se entendam para baixar salários

Em pleno turbilhão provocado pela pandemia do novo coronavírus, a FIFA depara-se com “uma situação sem precedentes para o futebol” e, por isso, o organismo presidido pelo italo-suíço Gianni Infantino preparase para “fornecer orientações e recomendações” às federações nacionais, “a fim de mitigar as consequências das interrupções causadas pela covid-19”.

Entre os “propostas”, destaca-se o “incentivo” a um “trabalho em conjunto” entre clubes e funcionários (jogadores e treinadores) para que se estabeleça “um acordo de adiamento e/ou redução de salário”.

Num documento interno e confidencial, a que o PÚBLICO teve acesso, e que deverá ser discutido até ao final desta semana por um grupo de trabalho composto por representantes da FIFA, das seis confederações continentais, das federações nacionais, dos clubes, das Ligas e dos jogadores, a questão salarial foi uma das mais importantes a serem debatidas.
Sobre ela a FIFA sugere que empregadores e empregados se entendam para que seja encontrada uma forma de redução salarial equilibrada e responsável. Assim, e “para garantir alguma forma de pagamento de salário aos jogadores e treinadores, evitar litígios, proteger a estabilidade contratual, garantir que os clubes não entrem em falência”, a proposta da FIFA é que “clubes e funcionários (jogadores e treinadores) devem ser incentivados a trabalhar juntos para chegarem a um acordo sobre adiamento e/ou redução de salário num valor razoável”.
Ou seja: “Entendam-se.”
Contratos seguem em vigor
No que diz respeito à duração dos contratos (aqueles que expiravam no final da actual temporada e os que se iniciavam no início da próxima), a FIFA propõe que “quando um contrato expirar na data final original de uma época, esse prazo será prorrogado até à nova data final da temporada” e, por consequência, “quando um contrato começar na data de início original de uma nova época, esse início será adiado até a nova data de início de uma nova temporada”. Em caso de sobreposição de datas, e “a menos que todas as partes concordem em contrário”, será dada “prioridade ao ex-clube para concluir a época com seu plantel original.
De fora, fica a discussão sobre “quando o futebol deve recomeçar em cada país”, uma vez que a FIFA considera que “não é o órgão apropriado
para instruir as federações”.
“Essa decisão deve ser tomada por cada federação, mediante parecer das respectivas autoridades nacionais de saúde pública.
Quanto “às janelas de transferência, fixadas no final e no início das temporadas”, o grupo de trabalho sugere que “todas as solicitações para prorrogar ou alterar os períodos de registo já iniciados sejam aprovadas, desde que a sua duração atenda ao limite máximo que consta do regulamento da FIFA sobre transferência de jogadores” e que é de 16 semanas.

Finalmente, no que diz respeito aos “pagamentos por transferência entre clubes” que estavam “agendados para as datas de início e término” dos campeonatos, “também devem ser adiados até à nova data de início de uma temporada”.

Grandes doam aos pequenos Na Alemanha, os principais clubes das ligas profissionais encontraram uma fórmula para manter vivos os emblemas mais pequenos nestes tempos críticos. Bayern Munique, Borussia Dortmund, Bayer Leverkusen e RB Leipzig, os quatro maiores clubes germânicos, vão disponibilizar, em conjunto, 20 milhões de euros para ajudar emblemas que estão em dificuldades financeiras, devido à pandemia de covid-19, anunciou ontem a Liga alemã de futebol (DFL).

“Esta acção demonstra que a solidariedade na Bundesliga não é uma palavra vazia. Estamos muito gratos aos quatros clubes envolvidos na Liga dos Campeões pela ajuda que estão a dar”, afirmou o presidente da DFL, Christian Seifert. Dos 20 milhões de euros, 12,5 surgem dos direitos de televisão e o restante dos “cofres” de cada um dos quatro emblemas. A DFL vai ficar responsável pela sua distribuição, de acordo com as necessidades de cada um dos emblemas da primeira e segunda divisão.

“Nestes tempos difíceis, o importante é que os mais fortes apoiem os fracos”, disse o presidente do Bayern Munique, Karl-Heinz Rummenigge.