Miguel Oliveira sempre a acelerar no MotoGP De Almada para o Mundo com a KTM

Miguel Oliveira nasceu no Pragal, Almada, a 4 de janeiro de 1995 e tornou-se no primeiro português a participar em pleno no Campeonato Mundial de Moto2 e a garantir um lugar no MotoGP, com a equipa Red Bull KTM Ajo.

O Jornal “A Voz de Portugal” foi ao encontro do piloto, em Almada, após o seu regresso do GP das Américas. Algo cansado das viagens, Miguel Oliveira não deixou de querer falar connosco avançando de imediato com um forte “abraço a toda a comunidade portuguesa do Canadá, nomeadamente a de Montreal”, começou por nos dizer.
Para o jovem piloto de motos que nasceu em Almada e se mostrou ao Mundo, a ascensão não foi fácil. Miguel Oliveira teve de trabalhar muito e com o apoio dos pais e dos patrocinadores, chegou à categoria rainha do motociclismo mundial, o MotoGP.
“Não foi nada fácil. Em termos internacionais comecei por ganhar experiência em Moto3, onde corri na equipa da Estrella Galicia, em 2012 e na Maindra Racing Team, em 2013 e 2014”, disse. Ao mesmo tempo que compete, Miguel Oliveira é estudante de Medicina Dentária, o que faz do piloto um exemplo de determinação e perseverança para os mais jovens.

Vice-campeão em Moto3
O seu primeiro sucesso desportivo foi em 2005, quando venceu o Campeonato Nacional de MiniGP e o Metrakit World Festival em Espanha, contra 192 pilotos de 14 países. Em 2008, participou em várias competições com algumas aparições esporádicas onde se destacou sobretudo na Red Bull Rookies Cup, com duas vitórias em três etapas. Em 2009 ficou na terceira posição no Campeonato Nacional de Espanha e no quinto lugar no Campeonato Europeu. No ano de 2010, Miguel venceu cinco dos sete eventos, ficando apenas a 2 pontos do seu rival Maverick Viñales.
Conseguiu também ficar na segunda posição no Europeu, antes do seu ano de estreia no Campeonato do Mundo de Moto3, em 2011. Após um primeiro ano na categoria turbulenta, Oliveira regressou com toda a força em 2012 com a equipa Estrella Galicia 0,0 aos comandos de uma Suter Honda, onde conseguiu ficar duas vezes no pódio e terminou em oitavo no campeonato. Em 2013 juntou-se a Efrén Vázquez na Mahindra Racing e destacou-se ao conquistar o primeiro pódio de sempre do construtor indiano na Malásia. Em 2014 permaneceu na Mahindra e fez mais um pódio em Assen, mesmo antes de se transferir para a Red Bull KTM Aj Nesta categoria e na seguinte a Moto2, Miguel Oliveira começou a “dar nas vistas” e começava a ver-se ali um verdadeiro piloto de motos em ascensão. E começou setembro de 2014 quando Miguel Oliveira assinou com a Red Bull KTM Ajo, equipa com que alcançou o título de vice-campeão da Moto3, em 2015.

“Sim foi aí que tudo começou na verdade. Em 2015 fui vice-campeão da Moto3 que me levou a ingressar na Moto2 onde depois de uma breve passagem pela Leopard, reingressei na Red Bull KTM Ajo, a qual tive em 2017 a minha temporada de estreia na categoria intermédia, terminando a época em 3º lugar, a apenas 2 pontos do 2º classificado”, adiantou.
Mas foi com a equipa do construtor austríaco que Miguel Oliveira deu um salto qualitativo e conquistou seis vitórias, três segundos lugares e uma pole position, terminando o Campeonato do Mundo de Moto 3 em segundo lugar. Com estes resultados, o piloto transitou de categoria e de equipa em 2016, integrando a Leopard Racing em Moto2. Com uma temporada com alguns altos e baixos, o piloto foi um dos melhores rookies do ano, o que lhe valeu nova transferência para a equipa Red Bull KTM Ajo, regressando à estrutura onde obteve melhores resultados, mas desta vez em Moto2. Já em 2017, Miguel Oliveira voltou aos grandes momentos, tendo alcançado vários pódios, ‘pole positions’ e, acima de tudo, a primeira vitória em Moto2, no GP da Austrália, feitos que lhe valeram o 3º lugar na classificação geral essa época.

Em 2018, Miguel Oliveira sagrou-se vice-campeão mundial e ajudou a Red Bull KTM Ajo a garantir o título de equipas com vitórias nos Grandes Prémios de Itália, República Checa e Valência, tendo pisado 12 pódios.
Foram estas prestações que levaram o piloto de Almada a almejar a categoria rainha das corridas de moto, o MotoGP. Foi um salto que foi dado no decorrer do Grande Prémio de Jerez, em 2017, local onde foi confirmado que piloto português iria competir no MotoGP até 2020 na equipa KTM Tech 3 com motos iguais à equipa de fábrica.

“Sim foi em Jerez que tivemos a certeza que e iria correr na MotoGP”, começo por dizer para referir de imediato que “chegar ao MotoGP, por si só, já é bastante difícil, agora, manter-me cá em cima é que vai ser o derradeiro desafio para mim e para a equipa. Para já as coisas estão a decorrer com naturalidade e espero conseguir, com tempo e com a adaptação a esta nova realidade, alcançar melhores prestações”, afirmou.
No início de 2018, o piloto de Almada foi eleito Desportista do Ano, na categoria de Atleta Masculino, pela Confederação do Desporto de Portugal, assim como nomeado Embaixador Global da Integridade e Transparência no Desporto pela Sport Integrity Global Alliance (SIGA).

16º do Mundial
Com três corridas efetuadas em MotoGP, Miguel Oliveira referiu que balanço “tem sido bastante positivo. Vamos continuar a trabalhar no sentido de conseguirmos mais e melhores prestações”, disse.
Miguel Oliveira leva já três Grandes Prémios realizados, a saber: Qatar, Argentina e Américas.

No primeiro GP de estreia, no Qatar, o piloto nacional ficou fora dos pontos ao fazer o 17º lugar, para regressar na Argentina cheio de garra e determinação, conseguindo terminar em 11º lugar, classificação que lhe deu os seus primeiros pontos (5) em MotoGP. Recentemente no GP das Américas, Miguel Oliveira conseguiu entrar nos pontos e mercê do seu 14º posto no final da corrida, conseguindo somar mais dois pontos, que o colocaram no 16º lugar entre os 23 pilotos que disputam o Mundial de Pilotos de MotoGP, com sete pontos.

Em jeito de remate e a caminho do merecido descanso, o piloto português lamentou ao Jornal A Voz de Portugal “não haver nenhum Grande Prémio de MotoGP no Canadá”, onde poderia “dar alguma satisfação à comunidade lusitana que é bastante grande nesse país”, concluiu.