‘Os Lusíadas’ em B.D.

Certamente, não é necessário explicar a importância da obra literária de Luís Vaz de Camões para os portugueses, nem tampouco para os brasileiros. Os Lusíadas, poesia épica publicada em 1572, enaltece as glórias do povo português e tem como protagonista Vasco da Gama, navegador e aventureiro responsável pela expedição que estabeleceu a rota de navegação até a Índia e determinou o domínio das rotas comerciais portuguesas.
Apesar da importância da obra, num mundo moderno e digital, onde os livros competem com videogames, séries de streaming e ficam juntando poeira nas prateleiras, quem realmente leu ou se interessa em ler a comentada obra? A leitura e compreensão de Os Lusíadas, ainda fazem parte do currículo escolar moderno? Trata-se de uma escrita densa, os textos originais são escritos na forma antiga e que naturalmente espantam o interesse dos jovens estudantes.
A força do conteúdo descrito no livro, bem como a construção dos personagens serviu e continua sendo fonte inspiradora para diversos projetos culturais lusófonos e também virou bandas desenhadas ou histórias em quadrinhos.
Separei aqui três adaptações para a nona arte que merecem destaque e precisam ser conhecidas pelos amantes do traço a nanquim.
A primeira é “Os Lusíadas, quadrinização do Poema de Luís de Camões” publicado pela Ebal em 1977 e desenhado por Nico Rosso, fantástico ilustrador italiano que foi ao Brasil após a segunda guerra mundial e tinha um traço clássico, acadêmico, de beleza singular, com ponta fina e muita hachura.
A segunda versão em destaque, lançada pela Editora Peirópolis em 2006 fica por conta do ilustrador Fido Nesti, que fez uma adaptação gráfica e extremamente colorida, com um estilo moderno. O artista flerta entre o grafismo e o cartoon, num estilo de linhas claras, normalmente usado no mercado europeu e ainda conta com um adaptação em quadrinhos da vida de Luís de Camões.
A terceira obra é uma adaptação futurística chamada “Lusíadas 2500” acrescida dos diálogos e inserções criados por Lailson de Holanda Cavalcanti que transporta Vasco da Gama para um ambiente de ficção científica, em 192 páginas. Uma proposta tão ousada quando foi a fantástica história em quadrinhos “Camelot 3000” escrita por Alan Moore e desenhada por Brian Bolland que conta uma versão futurista da saga de Rei Arthur. Um verdadeiro exercício de criatividade que em nenhum momento desprestigia a obra original.
Sou da opinião que a cultura é fator positivo de transformação social e que as obras podem ser transportadas para novas mídias na tentativa de atrair novos públicos. Se você gostou dessas curiosidades, qual obra gostaria de ver recebendo uma releitura moderna ou uma adaptação para um outro formato?

Escrito por Daniel Vardi, PubliGibi